sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Um pouco do histórico


Bom realmente muito coisa mudou desde que escrevi o texto que leram anteriormente, mas a maior mudança foi a partir do dia 9 de março de 2007.
Este foi o dia que eu tive o AVC, foi durante o banho, enquanto estava caído no chão debaixo do chuveiro paralisado, sentindo que a coisa estava preta e que estava perdendo os sentidos, neste momento com a cabeça escorada na parede lutando para me manter acordado, pois tinha a nítida sensação de que seu eu apagasse não iria acordar mais, me veio uma visão absurda e devido a esta visão me veio a mente a frase “puta que o pariu, será que a ultima coisa que vou ver na vida vai ser esta barriga enorme na minha frente!!!” desculpem o palavreado chulo mas como moribundo achei que tinha direito naquela hora mais do que nunca uma opinião sincera.
Bom como podem presumir não foi a ultima visão pois estou aqui escrevendo, e posso garantir que não é do além.
Deus permitiu que o coágulo andasse e desobstruísse o encanamento com isto fui recuperando aos poucos os movimentos.
Passei por diversas fases, três dias internado para exames, depois de concuido que tinha sido realmente uma AVC , veio a anticoagulação, até descobrirem o que causou o piripaque, esta foi meio chata, fiquei quase uma semana hospitalizado, heparina ( eu acho que este era o nome do bagulho que ficaram pingando ni mim na veia) e sangue sendo retirado de 6 em 6 horas, sai do hospital mais picado do que drogado velho, isto foi muito ruim, depois disso não podia mais nem surfar porque era perigoso me cortar wakeboard nem pensar por causa do impacto, foi chato.
AH! acho que esqueci de mencionar, zerei totalmente o consumo de tabaco e álcool depois de ter o treco.
Depois disso descobriram que eu tinha um tal de forame oval patente, em outras palavras, um buraco que não devia estar aberto no coração mais especificamente no átrio, que permitiu a passagem do coagulo. Depois de muita discussão médica chegaram a conclusão de que era melhor fechar a passagem assim eu poderia voltar a ter uma vida normal sem anticoagulantes.
Logo depois que sai do hospital pela primeira vez assim que fui liberado para viajar comecei a nadar.
No primeiro dia parecia que eu estava com uma bóia, El Barrigon, quase morri para nadar 400 metros. Mesmo assim continuei treinando todas os dias eram uma forma de me manter dentro do meu meio favorito, o liquido, já que não podia surfar nem fazer wake, pelo menos podia ficar dentro d’agua, ate o dia antes da cirurgia (operação tapa buraco) fiz 6.000 metros em 2 horas e 20 minutos já pesando 12 quilos a menos.
A operação, graças as maravilhas modernas, foi feita por cateter e entrei no hospital em um dia, se não me engano foi numa sexta feira pela manhã e saí na manhã seguinte, já livre dos anticoagulantes. Já na segunda estava de volta a piscina, e na semana seguinte pra comemorar fiz 7.000 metros, a participação dos treinadores e da academia certamente fizeram uma grande diferença em minha recuperação.
Agora estava prontinho para voltar a ativa.
O primeiro dia de surf foi memorável pois agora estava com um prepara físico e uma disposição que acho que nem quando tinha 13 anos quando comecei a surfar eu possuía.
Voltando pra casa chorei estava com a voz embargada e acredito que só naquele momento minha esposa entendeu totalmente o quanto o mar e o surf são importantes para mim. Nunca vou esquecer este dia. mesmo agora enquanto estou escrevendo meus olhos se enchem de agua.
No dia 8 de setembro foi outro dia memorável fui fazer wake pela primeira vez depois da liberação médica, também foi uma grande emoção ainda mais que estava junto com minha esposa meu irmão e minha cunhada, foi show.
Bem escrevi isto tudo só para entenderem porque esta viagem é tão importante e porque quero registrar tudo passo a passo braçada a braçada, vaca a vaca, pedalada a pedalada e sorriso a sorriso.
Deus me deu uma segunda chance, isto realmente mudou muinhas prioridades.